Nasce um filho, nasce uma obra: como a maternidade transformou o seu olhar profissional?

Neste Dia das Mães, conheça a história de quatro mulheres que encontraram nos filhos uma inspiração para as suas criações

Foto: Kristina Paukshtite/Pexels

Após o falecimento da mãe – a ativista Ann Maria Reeves Jarvis, em 1905 –, a norte-americana Anna Jarvis (1864-1948) passou a desenvolver diversos projetos com o propósito de valorizar a figura materna. Um deles, conhecido como “Dia das Mães”, popularizou-se pelo mundo ao ser oficializado nos Estados Unidos pelo presidente Woodrow Wilson, em 1914.

 

No Brasil, o Dia das Mães foi implementado pelo governo de Getúlio Vargas, em 1932, definindo que “o segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana”.

 

Apesar de cada mãe ter os seus próprios obstáculos, medos, sonhos, convicções e histórias para contar, o amor pela família é uma virtude em comum. Como forma de homenagear essa figura tão especial, convidamos quatro mulheres, que encontraram nos filhos uma inspiração para as suas criações, para responderem a seguinte pergunta: como a maternidade transformou o seu olhar profissional? Confira:

Foto: Arquivo pessoal

Adriana Oliveira, proprietária do estudiobola Campinas. Mãe da Maíra, do Gustavo, do Gabriel e do Vinícius.

“Eu fui mãe muito cedo, aos 18 anos, e isso me impulsionou ainda mais a trabalhar, estudar e evoluir profissionalmente. Todo mundo fala que ter muitos filhos é complicado, mas comigo foi ao contrário. Foi um motivador para que eu investisse na carreira, para que eu realmente chegasse a algum lugar e pudesse oferecer um bom estudo e melhores condições para eles.

Quando fiquei grávida da Maíra, eu estava no colégio, e, assim que ela fez um ano, eu entrei na faculdade de Arquitetura. Perto de me formar, engravidei do Gustavo, e quando resolvi fazer uma pós-graduação em Design, fiquei grávida do Gabriel. Depois de dois anos, veio o Vinicius. Com eles maiores, resolvi voltar a estudar e fiz um MBA, sempre em busca de uma evolução. Sou uma mãe presente, mas sempre trabalhei. Mesmo com todas as responsabilidades de uma jovem mãe, nunca fugi e, a cada filho, ia em busca de mais conquistas profissionais. Eu tenho muito orgulho disso e eles também.”

Foto: Arquivo pessoal

Eneida Bertolucci, proprietária da Bertolucci. Mãe da Juliana e do Daniel.

“Tomar conta de uma empresa é, de certa forma, como ter mais um filho. Sendo mãe, eu pude entender que os filhos nem sempre vão seguir o caminho que a gente espera ou vão fazer o que pensamos ser o melhor para eles. Podemos sonhar e trabalhar em busca do que acreditamos ser o melhor. E isso também se aplica a cuidar de uma empresa. Diante de múltiplas variáveis e imprevistos que surgem todos os dias, ser mãe me ajudou a aguçar minha sensibilidade, a ter um olhar de ternura diante das demandas do dia a dia e a ter jogo de cintura em um eterno aprendizado para dar o melhor de mim, sempre cuidando do que se ama.”

 

Foto: Wesley Ferreira

Francesca Alzati, diretora de identidade da by Kamy. Mãe do Gian Luca e da Giovanna.

“Quando nasce um filho, você acha que a sua obra-prima é esse acontecimento, independente do que você já conquistou ou fez na vida. É curioso porque são dois sentimentos intensos e distintos que ocorrem ao mesmo tempo: uma é a sensação de empoderamento que isso gera, é uma dádiva poder gestar uma vida, isso nos dá muita segurança enquanto mulher. Por outro lado, é uma antítese, gera a incerteza sobre como cuidar deles, se estamos à altura de cumprir esse desafio até o final. A criatividade nasce da luta entre o bem e o mal, entre as coisas certas e erradas. Ela deve ser sempre a saída pelo bem, pela coisa positiva. Depois do nascimento de um filho, equilibrando o empoderamento e o medo que convive dentro de nós, sentimos mais clareza sobre como resolver essa questão usando a criatividade.

No lado profissional, quando você faz algum projeto, uma obra ou um objeto de decoração, principalmente para as crianças, você sabe exatamente como elas vão reagir porque você já passou por isso, já criou ao menos um filho. Nada como uma mãe para saber o que uma criança vai fazer como um tapete, por exemplo. Então, fica mais fácil pensar em desenhos, texturas, materiais, usos...” 

Foto: Arquivo pessoal

Juliana Bertolucci, arquiteta, designer e fundadora do Atelier BAM Design. Mãe do Thomas. 

“A maternidade é como um grande portal, onde tudo muda depois que você passa por ele. E isso não é diferente em relação à área profissional, a minha visão em relação ao meu trabalho mudou. Na maternidade a gente aprende na marra, tem que se virar nos 30 mesmo, e acredito que isso influencie todas as esferas, refletindo na performance do trabalho. Hoje, trago uma visão mais aguçada, mais objetiva, procuro ser mais prática e achar formas rápidas de resolver os problemas. 

Trago esse olhar mais atento às minhas criações também, coloco um cuidado a mais na funcionalidade das peças, além de, obviamente, imaginar como um bebê ou uma criança vão interagir com esse objeto no espaço. Também procuro desenhar novos produtos com um foco maior em relação às vendas, quero criar produtos que tragam resultado para as outras pessoas e para mim também. Sem contar o lado sustentável que, apesar de ser uma das premissas do escritório desde sempre, é colocado com mais peso hoje em dia, pois adquirimos mais consciência de como vai ser esse mundo para as gerações futuras. Nós temos a nossa responsabilidade.”

Denise Delalamo

Agência de comunicação especializada em arquitetura, construção e decoração. Presta assessoria de imprensa e realiza projetos especiais de RP e marketing a profissionais, indústrias e lojas.